25 de jul. de 2010


Lembro de estar em casa cansado, lendo alguns livros de moda e aprofundando os meus conhecimentos da área que eu sempre almejei trabalhar. Então resolvi ir na banca mais próxima da minha casa e comprar uma edição da Homem Vogue. Engraçado que eu já sabia que meu trabalho com moda teria um certo foco nos homens, mas ainda não tinha lido a Homem Vogue brasileira. Foi quando comecei a folhear as páginas e li uma matéria assinada por Sylvain Justum, foi ali que tudo realmente se concretizou. Eram aqueles passos que eu queria seguir, ser um jornalista de moda competente e que conseguisse passar sentimentos nos textos.
Por isso hoje tenho muito prazer em fazer essa entrevista com Sylvain Justum, sem dúvidas, uma das grandes inspirações de homem profissional e antenado que tenho na minha carreira.

Sylvain hoje é stylist, jornalista freelancer, colaborador das revistas Vogue e Homem Vogue, escreve para o Estadão e ainda mantêm um dos blogs mais interessantes de moda masculina que temos por aqui, o Hypercool.

No bate-papo, ele nos fala sobre a situação da moda masculina no Brasil e aproveita para revelar um pouco sobre seu estilo pessoal. Leia tudo e conheça mais sobre o grande Sylvain Justum.


Lucas Magno - Sylvain, você é um dos grandes divulgadores da moda masculina brasileira. O que acha que falta para um crescimento desta indústria no nosso país?

Sylvain Justum - Acho que estamos evoluindo, lentamente, é bem verdade, mas já nota-se uma diferença no panorama da moda masculina brasileira. Isso se deve sobretudo ao maior interesse do homem em se cuidar, se vestir e aprender a respeito. Rosa deixou de ser cor de bicha e o skinny foi, finalmente, aceito. Esbarramos numa barreira cultural muito forte. O homem brasileiro é latino, machista, conservador quando o assunto é moda. É, antes de tudo, inseguro neste terreno. Morre de medo de ser apontado na rua e perder o pseudo-prestígio de machão com os amigos. Até os gays são assim. Já reparou quantos deles se vestem que nem playboys nos clubes da vida? Por outro lado, há uma acomodação da indústria, que se acostumou a vender terno e gravata ou estampar jeans e camiseta nas páginas das revistas, não contribuindo assim em nada para um maior interesse de seu cliente. Mais gente insegura, que precisa da aprovação do vizinho - ou do anunciante, ou do fornecedor...- para ter a impressão de que está fazendo a coisa certa. Enfim, há evolução sim, mas há de se ter paciência, pois leva tempo até atingirmos o ponto que eu e você queremos.

LM - Na europa, todos os anos é feita uma semana de moda exclusiva para os estilistas mostrarem suas propostas da temporada para os homens. Você acha que uma fashion week masculina funcionaria no Brasil?

SJ - Acho que, no Brasil, é um terreno quase virgem, muito mal explorado, sedento por novidades, que merece maior atenção. Uma fashion week seria sensacional para que se criasse uma cultura de moda no segmento masculino.

LM - Alguns designers como João Pimenta, Mario Queiroz e Alexandre Herchcovitch fazem desfiles exclusivos para os homens. Qual sua visão em torno de suas criações. São palpáveis ao homem brasileiro?

SJ - São três nomes fortes, sem dúvida. Mario Queiroz ainda é inconstante, capaz de coleções muito corretas (como a última) e outras quase amadoras. João Pimenta é ultra talentoso, adoro a brincadeira com o feminino e masculino que ele faz a cada coleção. Ele é a nossa maior revelação, mas precisa entender que uma grife masculina não sobrevive apenas de imagem. Isso o Alexandre captou há algum tempo. Seus desfiles são o melhor exemplo de como aliar boa moda, nova, conceitual e, principalmente, usável, com uma imagem forte. Seu exercito de caveiras (inverno 2010) e os rebeldes do verão 2011 não me deixam mentir.

Sylvain entrevista Justin Timberlake para a Homem Vogue

LM - Sabemos que você pesquisa muito sobre a moda em um âmbito geral e mundial. Nos conte quais são as suas apostas para o próximo verão?

SJ - Cores acesas, calças secas e mais curtas e sandálias de todo tipo. São ideias que funcionam tanto na Europa quanto no Brasil. As bermudas urbanas, secas, deveriam pegar também por aqui. Por outro lado, não acredito na longevidade do abotoamento cruzado dos blazers e paletós, que dominou as coleções gringas.

LM - Sylvain, agora quero saber um pouco mais de você. Me diga, como você define o seu estilo? Onde você gosta de comprar e se gasta muito em roupas. Seus seguidores tem curiosidade!

SJ - Eu sou um falso clássico e um falso moderno ao mesmo tempo...rs. Misturo muito os dois universos. Um dia estou mauricinho, outro roqueiro. Gosto de me vestir bem, ligo para a moda sim e me divirto com isso. Acho que é isso que falta ao homem brasileiro: se divertir mais com a moda. Compro pouca roupa no Brasil, aproveito minhas idas a Paris para dar uma renovada no guarda-roupa. Misturo fast fashion com grifes mais caras numa boa, aliás, acho que é esse o jeito mais legal de se vestir. Gosto de Uniqlo a Lanvin, de Gap a Gant, de Dries Van Noten a Hering.

LM - Para finalizar nosso bate-papo, queria que você deixasse uma mensagem para nossos leitores, que admiram seu trabalho e que desejam seguir profissionalmente no mundo da moda.

SJ - Olha, não tem receita, mas tem que gostar muito do assunto. Se quer investir na moda masculina, não o faça por conveniência, e sim porque realmente ama a coisa toda. Seja curioso e, principalmente, dispa-se de preconceitos, que só atrasam a vida. Abraços!


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Quero agradecer de coração a entrevista e a gentileza de Sylvain. Foi uma honra! Muito obrigado. Você é referência!


12 comentários:

Johnes Alan Nacimento disse...

Boa seqüência de perguntas e excelentes respostas da parte de Sylvain.Parabéns Lucas Magno,você é original e tem tudo para fazer parte da nova geração de jornalistas de moda do Brasil.Ah e falando em Vogue Hommes,minha ultima postagem foi baseada em parte pelo trabalho de Nicola Formichetti em edições gringas,especialmente a japonesa ,depois confere.Sucesso.

Carlinha Fernandes disse...

adorei a entrevista

parabéns

Jane Mary disse...

Parabéns Lucas,por nos trazer coisas legais do mundo da moda masculino,em meio a tantos blogs femininos.
bj

lea disse...

otima entrevista adorei, e mt bacana, ver coisas masculinas nesses mundo de moda tao voltado pro feminino ne, bjos

Lucas Magno disse...

Muito obrigado! É incrível ver que meu trabalho tem dado certo.

Beijão

; )

Leo Amaral disse...

ótima entrevista, lucas. o sylvain é ótimo entrevistado tb, foi um prazer fazer uma entrevista com ele no início do meu blog. ele entende muito de moda masculina.

um grande abraço querido!

Geovana Arruda disse...

Parabéns Lucas, vc já vem fazendo um diferencial na moda masculina com seu blog,sua iniciativa de fazer essa entrevista foi maravilhosa...BJOS

sylvain disse...

Adorei, Lucas! Sucesso pra vc! Abraços!

Pri. disse...

Arrasouuu Luquinhas!!!! Adorei as perguntas e adorei conhecer mais sobre o Sylvain!! Beijãoo e até jájá!!

Jota C. disse...

Muito legal a entrevista,cara!
Parabéns!

Roberto Sena disse...

Olá querido, estou passando por aqui exclusivamente para te fazer um convite: aceita escrever um artigo para o Life Behavior como convidado?

Anônimo disse...

òtima entrevista, parabéns!